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Nhá Chica, a santinha querida de Baependi.



Vimos várias imagens da Nhá Chica na viagem recente que fizemos a Minas Gerais. Nunca tínhamos ouvido falar sobre ela.

Moramos no Vale do Paraíba e por aqui a grande maioria das pessoas é devota de Nossa Senhora Aparecida. Enfim, a imagem da Nhá Chica foi nos chamando a atenção.
Nhá Chica
Vi numa barraca do Mercado de São Lourenço.
Nhá Chica.
No Parque das Águas de Caxambu adornada por obra de Chico Cascateiro.
Capela Nhá Chica, São Lourenço.
Visitamos a capela dedicada a ela em agradecimento, feita pelo artista Marco Aurélio. 
Nossa Senhora de Guadalupe
Verdade é que todo mundo precisa de um santo para chamar de seu. Particularmente, converso muito com Nossa Senhora de Guadalupe. Devo a ela inúmeras graças. Não sou uma católica exemplar, mas sou fascinada pelas histórias dos santos que nos protegem.
Nhá Chica
Curiosamente, assim que voltou para casa, minha amiga descobriu que tinha uma imagem da Nhá Chica que foi da sua mãe. 

Pertinho de Caxambu fica a cidade de Baependi. Pertinho mesmo. Fomos conhecer a igreja da Nhá Chica, ou melhor, o “Santuário Nossa Senhora da Conceição”. Mas afinal, Nhá Chica é santa ou não é? Ela está na última fase dos três processos para tal: confirmação das virtudes heroicas, beatificação e canonização.  As duas últimas fases exigem a comprovação de um milagre. Os títulos são, pela ordem, Servo de Deus, Venerável, Beato e Santo. Para ser Santo é necessário ter dois milagres ou mais. É complicadíssimo confirmar um milagre. Muitas pessoas e processos são envolvidos, inclusive 70 médicos e alguns “advogados do diabo”. Nessa época já era considerada santa. 

Nas minhas pesquisas algumas datas não “bateram”. De qualquer forma, coloquei em ordem cronológica para meu próprio entendimento.

1808 – Nasce Francisca de Paula de Jesus em Santo Antônio do Rio das Mortes, distrito de São João Del Rei, MG.

1816 – Com oito anos chegou a Baependi com sua mãe (uma escrava alforriada) e o irmão, Teotônio. Na parca traia da mudança, uma imagem de Nossa Senhora da Conceição.

1818 - Quando ela tinha 10 anos sua mãe faleceu. O irmão tinha 14 anos quando ficaram órfãos. Nessa fase ela foi se apegando cada vez mais a Nossa Senhora a quem chamava carinhosamente de “Minha Sinhá”. Não fazia nada sem consultá-la.

Anos depois - Preferiu não se casar. Dava-se bem com pobres, ricos e com os mais necessitados. Atendia sem discriminação a todos que a procuravam. Sempre tinha uma palavra de conforto, um conselho ou uma promessa de oração. Mesmo sendo muito jovem era procurada para dar conselhos e sugestões para negócios. O povo começou a não tomar decisões sem antes consultá-la. A fama se espalhou. Às sextas feiras, não atendia ninguém. Era o dia em que lavava roupas e se dedicava mais à oração e à penitência.  Às 3 horas da tarde, intensificava suas orações, conversando com sua Virgem da Conceição. Como era analfabeta, alguém lia para ela as Escrituras Sagradas. Compôs uma Novena à Nossa Senhora da Conceição e em Sua honra, construiu, ao lado de sua casa, uma Igrejinha, onde venerava aquela pequena Imagem que foi de sua mãe. Essa Imagem ainda hoje está na sala da casinha onde ela viveu, sobre o altar da antiga Capela. Por 30 anos reuniu doações para a construção da capela dedicada à Virgem Maria. A igreja foi construída ao lado da casa de Francisca.

Santuário Nossa Senhora da Conceição, Baependi. 
O santuário ficou conhecido como “Igrejinha de Nhá Chica” e futuramente  se tornaria “Santuário Nossa Senhora da Conceição”.

1895 – morreu com 87 anos no dia 14 de junho, mas foi sepultada somente no dia 18 no interior da Capela por ela construída. As pessoas que ali estiveram sentiram exalar de seu corpo um misterioso perfume de rosas durante os quatro dias de seu velório. O dia 14 de junho passou a ser o dia oficial da celebração de sua festa.

1952 – Início da campanha pela canonização.

Igreja da Nhá Chica, Baependi
1954 - a Igreja de Nhá Chica foi confiada à Congregação das Irmãs Franciscanas do Senhor. Desde então teve início bem ao lado da Igreja, uma obra de assistência social para crianças necessitadas que vem sendo mantida por benfeitores devotos de Nhá Chica.

1989 - Nova instalação da Comissão em prol da Beatificação teve início.

1991 - Nhá Chica já tinha recebido da Congregação das Causas dos Santos do Vaticano o título de Serva de Deus.

1992 - Instalada em definitivo em 14 de janeiro da Comissão em prol da Beatificação.

1998 - Tal perfume foi novamente sentido no dia 18 de junho de 1998, 103 anos depois, por Autoridades Eclesiásticas e por membros do Tribunal Eclesiástico pela Causa de Beatificação de Nhá Chica e, também, pelos pedreiros, por ocasião da exumação do seu corpo. Os restos Mortais da Venerável se encontram hoje no mesmo lugar, no interior do Santuário em Baependi, protegidos por uma Urna de acrílico colocada no interior de outra de granito.

2012 - Foi reconhecida como Venerável.

2013 - A cerimônia de Beatificação de Nhá Chica ocorreu após o Vaticano reconhecer seu primeiro milagre, ocorrido cem anos após sua morte. De acordo com o processo da Igreja, uma professora de Caxambu, após orações à “Santa de Baependi”, teria se curado milagrosamente de uma doença congênita no coração. A professora abençoada pelo milagre esteve presente na cerimônia. 

2022 - A Associação Beneficente Nhá Chica (ABNC), através da Congregação das Irmãs Franciscanas do Senhor, além do trabalho espiritual e de evangelização, promove uma obra educacional com quase 200 crianças e adolescentes. Em regime de semi-internato as crianças são atendidas com aulas de reforço, educação física, educação musical, dança, artes manuais, informática, noções de higiene e sociabilização, alimentação, acompanhamento psicológico, com assistência estendida às famílias e ensino religioso. A entidade atende ainda as requisições da Justiça e acolhe crianças que passam por problemas em lares desestruturados e ficam na instituição até que o Ministério Público junto com o Juizado da Infância e da Adolescência encontrem uma família para acolhê-las ou que sejam reencaminhadas para suas casas. 

Esquife da Beata Nhá Chica.
Os restos mortais da Beata se encontram hoje no mesmo lugar, no interior do Santuário Nossa Senhora da Conceição em Baependi, protegidos por uma urna de acrílico colocada no interior de outra de granito. 
Igreja da Nhá Chica, Baependi
A “Igrejinha de Nhá Chica”, depois de ter passado por algumas reformas, é hoje o “Santuário Nossa Senhora da Conceição” que acolhe peregrinos. Muitos fiéis pedem graças, oram com fé e voltam para agradecer e registram suas graças recebidas.

Atualmente, no “Registro de graças do Santuário” constam mais de 20.000 graças alcançadas por intercessão de Nhá Chica. 

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