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Lima - Dois hotéis de primeira e o meu Ibis

Passeando pelo bairro de Barranco, apreciando as fachadas dos casarões antigos, deparei-me com essa maravilha de casa.
Adorei os mosaicos logo abaixo do telhado. Que delicadeza! Perguntei para um rapaz o que era. - Um hotel ? Posso conhecer? Ele chamou a recepcionista e ela me mostrou uma parte desta antiga casa de verão de 1920.
 Foi restaurada e não perdeu a classe.
Há só cinco quartos.
O banheiro parece de filme.
E essa pia de louça? Amenities de primeira, claro.
A localização no bairro é excelente, perto de tudo, porém numa rua tranquila. Chama-se Casa Wynwood Barranco .Um Hotel Boutique no verdadeiro sentido da palavra. É classudo sem ser esnobe. Eu ficaria feliz demais me hospedando ali.
Esta é a sala para coworking. 
Dizem que antigamente, as famílias ricas que moravam na área do centro de Lima tinham casas de campo em Barranco para passarem o fim de semana. Provavelmente esta é uma delas. No rooftop tem o emblemático restaurante Otto comandado pelo Chef Marco Salinas. Pode-se fazer eventos, tomar drinks com amigos ou ir para um brunch. Tem que reservar. 
Aproveitei que no dia eu não estava tímida e entrei no Hotel B. 
Construída no estilo da Belle Époque, a mansão histórica foi construída como um retiro à beira-mar para a família García Bedoya durante a presidência de Augusto Leguía na década de 1920.
Foi projetada pelo arquiteto francês Claude Sahut, que foi o visionário por trás de muitas das principais avenidas, parques, teatros e prédios públicos de Lima.
As características arquitetônicas e o estilo único do Hotel B refletem o espírito festivo da época.
A construção foi concluída em 1914, e a mansão continha mármore italiano importado e madeiras exóticas, bem como uma fachada ornamentada, tetos muito altos com uma espécie de claraboia, varandas abertas e amplos terraços. 
O Hotel B de hoje tem uma visão artística e abriga sua própria coleção de arte exclusiva com mais de 300 obras de arte originais e instalações espalhadas por todo o espaço.
Pode-se fazer como um tour para saber os detalhes com o curador como parte da  experiência. Já pensou? Esse coração de plástico preto é de Haroldo Higa, um artista que reflete conceitos e ideias que questionam o destino do homem e do seu meio ambiente e propõe uma constante dinâmica marcada pelo jogo difícil dos opostos como o equilíbrio e a desordem, vida e morte, sucesso e fracasso, etc.
Os autores das mais de 350 peças que incluem pinturas, esculturas, fotografias, trabalhos gráficos, video art e instalações são principalmente peruanos ou da América Latina.
A maior parte dessas peças é da coleção particular dos donos do hotel. Essa tela grande chama-se Velvet Velvet, 2006. É acrílico sobre tela de Víctor Rodriguez, um mexicano que mora em Nova York. Ele explora as possibilidades de combinação das técnicas hiper-realistas com o surrealismo.
Há obras pré-hispânicas, coloniais, republicanas e modernas. Adorei o encontro do piso antigo com o papel de parede e o contraste com o mapa do Peru. 
É uma verdadeira galeria de arte. Esses círculos de madeira são de Haroldo Higa e falam de transformações que conectam as relações humanas, com a natureza e com a cidade.
Por muito tempo morou ali um hóspede importante, Luis Henrique Tord (1942- 2017). Ele era um grande escritor, historiador e político peruano. Escreveu no hotel duas novelas: "Diana, Verano del 53" e "Pasiones del Norte. Toda a equipe do Hotel B se lembra dele com carinho pelo seu bom humor, inteligência e cultura.
No bar principal, uma enorme tela de José Tola, artista peruano com mais de 50 anos de carreira.
A obra acima do sofá é de Aldo Chaparro. O artista mostra uma face mais livre da arte, mostrando que nem sempre ela precisa ser levada tão a sério. Chapas de aço inoxidável são pintadas com pintura eletrostática e "apanham" do artista que usa somente suas mãos e corpo transferindo assim a sua energia para as peças que produz. 
É ou não é um hotel muito charmoso?
Achei o máximo essa banqueta de plumas pretas.
E agora, de volta à realidade, vou mostrar o Ibis Lima Reducto Miraflores, onde fiquei.
Gosto do Ibis porque já sei o que me espera e é mais econômico, claro. Geralmente não levo sustos. Este me surpreendeu positivamente.
O quarto era bom.
O banheiro, maior do que o padrão e sempre estava impecável. Havia sabonete líquido na pia e no chuveiro e até secador. Chuveiro ótimo. Tá bom que eu deixei um Bis daqueles maiores para a camareira com um bilhetinho de Muchas gracias todos os dias. Geralmente levo Sonho de Valsa, mas agora só vendem pacotes enormes. 
A recepção era bem simpática e alegre e o pessoal que trabalha lá estava sempre sorridente.
O café da manhã tinha também a opção das coisas peruanas diferentes que eu queria experimentar.
Fiquei cinco dias e foi bem variado.
Nem olhei para os pães.
O restaurante deve ser bom pois ficava até movimentado de noite.
Um dia experimentei a humita com molho seco típico. Adorei de verdade. Quando a gente vê esse monte de cebola já se assusta, mas eles têm alguma habilidade, não sei o que fazem que a cebola não fica ardida quando crua.
A humita é como uma pequena pamonha salgada que pode vir com pedacinhos de queijo ou frango.
No bar, o Pisco Sour muito bem feito, sempre acompanhado de canchitas (ou tostado de maíz). A localização foi o ponto forte. Tem tudo que pode ser importante por perto, como casa de câmbio, chip de celular, supermercado, padaria, restaurantes, etc. Fiz muitas coisas a pé, usei Uber e usei o ônibus Metropolitano, cuja estação ficava a uma quadra. Andei a pé de noite com tranquilidade, pois Miraflores é um bairro muito seguro.
Ah, e eu comentei com uma das funcionárias que era meu aniversário e eles cantaram parabéns para mim.
Foi muito simpático.

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