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Amparo - O Encanto das Paisagens Rurais e da Arquitetura Histórica"

Saí da minha cidade determinada a conhecer Iara Battoni. Eu a seguia no Instagram desde a pandemia. Achava genial a ideia de vender delícias da janela do seu quarto.
Amparo - Janela da Namoradeira
Ela começou mesmo vendendo chocolate quente da janela para o pessoal que passava na rua indo para o Festival de Inverno ali perto. Acompanhando sua trajetória, percebi que ela se profissionalizou de tal forma que simplesmente tinha que ir lá conferir. Ela é uma simpatia, assim como a Milena que trabalha com ela. 
É tão artista quanto doceira pois vive mudando a decoração da janela e o tema dos chocolates. Contou que houve um tempo que pensou em desistir, mas o marido e família deram o estímulo, passou pelo Sebrae e fez outros cursos. Daí voltou com a corda toda.
O que começou da janela do quarto dela acabou tomando a casa toda. A família teve que se mudar dali.
Ela desenvolveu essa flor de capuccino que é um sucesso. Você a coloca no fundo da xícara, acrescenta leite fervendo e mexe até ficar cremoso.
Sobre Iara Battoni, da Janela da Namoradeira em Amparo.
Enfim, hoje ela dá até palestras. Não é o máximo? É esse tipo de história, de persistência, de vontade de aprender, de mudar a rota no meio do caminho, que constrói uma cidade.
Amparo, Janela da Namoradeira.
É bonito acompanhar desde o começo. Se meu pai estivesse vivo diria: Essa menina fará parte da elite de amanhã.
Próximo passeio: café da manhã na Fazenda Atalaia. O gostoso dessa história: o pão, o queijo, o mel e o café são de lá. É outro sabor. Precisa mais do que isso?
Ainda mais estando numa antiga tulha de café com o pé direito altíssimo, madeira aparente, tábua corrida. Adoro.
A fazenda é belíssima, com 151 anos de história. Que belo trabalho de restauração!
Como a maioria das fazendas de turismo hoje, tudo começou com café, daí houve a queda da bolsa em 1929, todo mundo quebrou e foi um Deus nos acuda na época, cada um experimentando o que podia para sobreviver.
Fazenda Atalaia, Amparo. Sede.
A fazenda foi comprada por uma família libanesa que criou um alambique para cachaça em 1940. Não deu certo. Eram os avós maternos de Paulo, o atual proprietário que herdou a fazenda, imagino.
"Quando me casei, mudamos para a fazenda e minha mulher começou a fazer queijo. A gente veio para cá para plantar café, mas como tínhamos vacas que produziam 40 litros de leite por dia, resolvemos fazer queijo fresco. Minha mulher fazia e depois ia para o centro da cidade vender", contou Rezende em 2017.
Funcionária empacotando muitos queijos tulha na Fazenda Atalaia em Amparo.
Conclusão, hoje muitos queijos da fazenda são premiados e o queijo tulha foi eleito em 2016 o primeiro produto brasileiro premiado com medalha de ouro no World Cheese Awards.
O conjunto construtivo é típico das propriedades rurais cafeeiras paulistas do século XIX. Tem um enorme terreiro de café em frente à antiga tulha de café.
Abelhas sem ferrão na Fazenda Atalaia em Amparo.
Adorei ver as abelhas sem ferrão.
Meliponário, Fazenda Atalaia, Amparo. 
Fazem parte de um projeto genial que eu desconhecia.
E esses aqui?
Bem instalados com muitos ventiladores e espaço de sobra.
Fazenda Atalaia, vacas holandesas. Amparo.
As vacas holandesas que produzem o leite tipo A para os deliciosos queijos.
Há visitas guiadas que eu adoraria ter feito, mas teria que esperar duas horas.
A lojinha tem de tudo um pouco e do melhor.
Queijos especiais na Fazenda Atalaia, Amparo.
Pode-se degustar antes de comprar.
Há uma grande variedade de produtos produzidos lá mesmo derivados do mel, das cabras, do leite das vaquinhas, dos vizinhos. 
Vinícola Terrassos, Amparo
Ali pertinho fica outro lugar bonito, a Vinícola Terrassos que começou em 2003.
Vinícola Terrassos, Amparo.
Fica num lugar alto e a vista é linda.
Aqui, a vista sem obstáculos.
Não sou apreciadora de vinhos mas sei quando a coisa é boa.
Após muitos testes, hoje o forte lá são as uvas Shyra, Máximo e Moscato.
Gosto de cachaça e de whisky. Enfim, o lugar é romântico, servem almoço com reserva.
Dá também para passear entre as videiras e encomendar um piquenique bem personalizado.
Há um curioso labirinto embaixo, reparem!
Ainda na zona rural, visitei a Fazenda Benedetti. A história dos Benedetti tem origem em meados de 1880, na Província de Trento, localizada no norte da Itália. A família, impulsionada pelas transformações socioeconômicas que afetaram a Europa nessa época, imigrou para as cidades brasileiras de Amparo e Serra Negra.
Fazenda Benedetti em Amparo, SP.
Quando chegaram ao Brasil, começaram a trabalhar como meeiros na cafeicultura e adquiriram aos poucos a Fazenda Benedetti. Daí veio o tal 1929 que atingiu em cheio os negócios da família.
Através do pagamento de uma dívida, a família recebeu um engenho para processamento de cana de açúcar e um alambique de cobre com capacidade para 80 litros. Assim, a família e seus filhos vislumbraram a oportunidade de um novo negócio e teve início a produção de cachaça para consumo próprio. O excedente, vendiam para vizinhos.
A fama da boa cachaça "artesanal" se espalhou pela região, e a produção foi aumentando gradativamente ao longo dos anos.
Fazenda Benedetti, Amparo.
Lá eles têm cachaças com sabores, coisa que não aprecio. Só que provei a de café, achei perfeita, um licor forte delicioso.
Cachaça premiada da Fazenda Benedetti em Amparo
Atualmente estão na quarta geração da família produzindo as cachaças de marca Flor da Montanha (nome que homenageia a cidade de Amparo), Gran Nonno e Antônio Benedetti. Fazem pães artesanais e há um apiário que teve início com a chegada da família ao Brasil. Inicialmente, as abelhas de origem europeia eram criadas em caixas de madeiras rudimentares. Em 1950 o nonno Ângelo Benedetti estudou a fundo a apicultura e trouxe para a fazenda novas técnicas para produção de mel, própolis, pólen e geleia real.
 As abelhas estão espalhados pela fazenda perto de matas nativas e eucaliptos. A cachaça Flor da Montanha, produzida artesanalmente (isso que eu gosto) há mais de 90 anos conquistou no Concours Mondial Spirits Selection, Bruxelas, o selo Gold Medal e outros concursos. Para homenagear o fundador, a família lançou a cachaça Antônio Benedetti extra premium, uma edição especial. Da colheita selecionada ao barril de carvalho americano de primeiro uso, da temperatura e luminosidade controlada ao armazenamento em uma adega de pedra centenária. Nove décadas de história.
Bom, difícil parar de descrever o que produzem, vodca, licores, vinhos, sucos e muito mais.
Casarões de Amparo, SP.
Amparo me surpreendeu pela quantidade de casarões antigos. São muitos.
Por volta de 400 edificações dos períodos colonial e republicano. Da época do Ciclo do Café Paulista.
Todos pintadinhos e bem cuidados. Não vi uma pichação em lugar algum. Pelo contrário, todos pareciam recém-pintados.
A Catedral Nossa Senhora do Amparo leva o nome de uma imagem de Nossa Senhora do Amparo que veio de Portugal.
Catedral Nossa Senhora de Amparo
O interior, principalmente o teto, é lindo.
Os vitrais também são admiráveis.
A imagem no altar é graciosa.
Amparo, Ladeira das Artes
No fundo da igreja tem a Ladeira das Artes.
Eu esperava mais arte por ali.
Estação Mogiana de Amparo.
Passei pela Estação Ferroviária da Companhia Mogiana inaugurada em 1875 e era parte do Ramal que ligava Jaguariúna a Socorro. Hoje abriga o Centro de Informações Turísticas que estava fechado.
Ali ao lado uma fonte muito  agradável.
Igreja Nossa Senhora do Rosário, Amparo.
Igreja Nossa Senhora do Rosário. Foi construída por escravos em 1831. Abrigava a antiga Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Dos edifícios religiosos remanescentes, é o mais antigo de Amparo.
Após a construção da nova igreja, a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Amparo, a Igreja Nossa Senhora do Rosário passou a ser frequentada apenas pelos católicos da raça negra, chamada, por isso, pelos fazendeiros da época, de igreja dos pretos.
Biblioteca Pública Municipal "Carlos Ferreira" Criada em 1900 como Grêmio Literário Carlos Ferreira, recebeu desse benemérito jornalista, educador e escritor gaúcho a doação do prédio do Largo da Matriz e da sua grande biblioteca pessoal. O seu acervo ultrapassa 30 mil volumes.
Beneficência Portuguesa de Amparo
Beneficência Portuguesa de Amparo (antigo Grêmio Português de Beneficência) é um magnífico prédio-hospital cuja escadaria nos recorda uma embarcação, já que os portugueses foram expoentes das grandes navegações. Este hospital foi fundado pela colônia portuguesa de Amparo em 13 de março de 1892.
Construído em estilo manuelino num terreno bem grande, o hospital chama a atenção. Eu tinha acabado de sair da Janela da Namoradeira e logo parei o carro para admirar a construção. Como tudo por lá, está impecável. Já em 1929, ele contava com equipamentos modernos para a época, inclusive aparelhos de raios-x, duas salas de operação e banhos hidroelétricos. 
Eu poderia mostrar mais sobre os casarões de Amparo, mas paro por aqui.
Este foi meu roteiro por Amparo.

Abaixo, os links para conferirem os dias e horários para não perderem viagem.

Janela da Namoradeira

Fazenda Atalaia Amparo

Vinícola Terrassos

Fazenda Benedetti


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