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Dr. Blumenau e Museus Que Você Tem Que Visitar para Entender a Cidade

Mausoléu Dr. Blumenau. Como não poderia deixar de ser, ele é o querido da cidade. Li um pouco mais sobre sua vida e achei fascinante.
Mausoléu Dr. Blumenau
Muita coisa aconteceu antes da chegada dele à futura colônia ( Stadtplatz) acompanhado dos dezessete colonos alemães em 1850. Não eram quaisquer colonos, cada um deles tinha suas habilidades. Tinha marceneiro, funileiro, agrimensor, charuteiro, ferreiro, etc. 

Eles chegaram num barco como esse pelo rio Itajaí-Açú. Hermann Bruno Otto Blumenau adorava rosas e iniciou Blumenau com duas mudas de banana e uma de laranja. Fez seu aprendizado em farmácia e frequentou o Curso de Química na Universidade de Erlangen. Concluiu o grau de doutor em Filosofia. Ainda na Alemanha, conheceu um botânico que estivera no Brasil e daí começou a pensar nas  possibilidades. Como o governo alemão andava preocupado com maus tratos, até mesmo escravidão dos seus cidadãos em terras brasileiras, o Dr. Blumenau viu aí uma possibilidade de conhecer o Brasil sem gastar muito.
Conseguiu uma vaga de Agente Fiscal da "Sociedade de Proteção aos Emigrados Alemães". Como representante oficial do governo alemão, com cartas de recomendações, visitou colônias de imigração alemãs nas Províncias do Paraná, Rio Grande e Rio de Janeiro, que era capital. Veio num veleiro que saiu do porto de Hamburg em 1846, com 27 anos. Quatro anos antes da vinda dele com os colonos. Seu interesse maior era se envolver com um empreendimento de imigração e colonização alemã. Bom, a história é muito longa e deu no que deu, um sucesso.
O Mausoléu foi criado em 1974 para celebrar os 150 anos da imigração alemã no Brasil. Ele morreu na Alemanha e daí os restos mortais dele foram trazidos para o mausoléu, 90 anos após sua morte, para a terra que ele tanto amava. Achei muito completo e interessante esse artigo de Angelina Wittman AQUI.
Perto do Mausoléu fica o Museu da Família Colonial que é composto por três casas.
Casa Gaertner, Blumenau
A Casa Gaertner é de 1864 e pertenceu à sobrinha-neta do Dr. Blumenau, Edith Gaertner. Falo dela já já.
Casa Wendeburg, Blumenau
A casa ao lado se chama Wendeburg. Ambas foram construídas usando a  técnica construtiva enxaimel, têm telhas cerâmicas planas do tipo rabo-de-castor e têm sótão. A casa Wendeburg é a casa mais antiga de Blumenau. Foi construída em 1858 pelo imigrante alemão Hermann Wendeburg, secretário e guarda-livros do Dr. Blumenau.
Da sala da casa foram tomadas muitas decisões da Administração Pública. Com o falecimento de Wendeburg, a casa foi adquirida pelo imigrante Paulo Schwartzer.
Em 1964, a última herdeira, Renata Dietrich, sensibilizada pela importância da casa, a doou com usufruto para a Prefeitura que, em 1997, quando ela faleceu, a incorporou à Fundação Cultural de Blumenau. Foi restaurada em 2003. Na área do estacionamento desta casa ficava a residência do Dr. Blumenau que foi totalmente destruída na enchente de 1880.

Na primeira casa estão expostos objetos que pertenceram ao Dr. Blumenau. Tem lá um baú que na verdade era um cofre que foi levado pela enchente de 1880 e que depois foi encontrado com todos os documentos intactos. Muita sorte.
Olhem que simpática a cozinha da época!
Edith Gaertner, a da primeira casa, nasceu em Blumenau e era filha do Consul da Alemanha, Victor Gaertner. Era a caçula de oito irmãos. Era independente e com 20 anos, depois da morte dos pais, viajou sozinha. Chegou a trabalhar como governanta numa fazenda no Uruguai mas foi na Argentina que pode se realizar como atriz. Depois ela foi para a Alemanha, estudou arte dramática em Berlim e percorreu várias cidades da Europa como atriz em teatros renomados. Daí veio o pós-guerra e a Alemanha ficou em dificuldades.
Em 1924 ela recebeu notícias de que seus dois irmãos solteiros estavam muito doentes. Abandonou a carreira de atriz e voltou para o Brasil. Com 40 anos, solteira e sem filhos, passou a viver enclausurada.
Sua única companhia eram os gatos, tinha seis, sete de cada vez. Também adorava plantas e manteve um parque lindo com bambuzais, árvores frutíferas e muitas flores.
Cemitério de Gatos, Blumenau
Quando morriam ela os enterrava no parque nos fundos da casa com direito a funeral e cortejo fúnebre. Foram mais de 50 gatos enterrados ali mas apenas nove lápides permaneceram.
Deve ser o único cemitério de gatos que existe. Quando houve a ameaça de perder parte do seu patrimônio para construírem uma nova rua ela decidiu doar o horto e a casa para o município, desde que a deixassem em paz lá até morrer e que mantivessem tudo como estava. Ela morreu em 1967.
Na terceira casa tem mais material sobre a vida de Hermann Otto Blumenau.
Mostra fotos do casamento dele com Bertha, com a qual teve quatro filhos. Um nasceu na Alemanha e os outros três na Colônia.
Na época os vestidos de noiva eram pretos. Me esqueci de pesquisar o porquê. Todas as casas tinham alunos de escolas visitando. Achei muito bom isso.
A Rua das Palmeiras ( Palmenallee) foi a primeira rua planejada da Colônia. Nela viviam as famílias proeminentes, inclusive o Dr. Blumenau. As palmeiras de jerivá foram plantadas em 1876, trazidas do Rio de Janeiro. As cem palmeiras envelheceram e foram substituídas por palmeiras imperiais nos anos cinquenta. Hoje chama-se Alameda Duque de Caxias.
Museu de Hábitos e Costumes, Blumenau
Museu de Hábitos e Costumes. O prédio foi edificado em 1898. Na década de 30 foi sede do Banco Nacional do Comércio. Tem até uma sala do cofre até hoje, sediou a Distribuidora Catarinense de tecidos e tornou-se Casarão dos Cristais. Em 2006 foi comprado pela Prefeitura e transferido para a Fundação Cultural de Blumenau. Transformado no Centro Cultural Helio Hannemann, em seu interior instalou-se o Museu de Hábitos e Costumes. Seu universo é o de vestir, brincar, costurar, viver e morar a partir do século XIX. Fizeram o museu, mas o conteúdo do museu caiu do céu com a doação de Ellen J. Weege Wollmer. Ela vinha acumulando peças relacionadas a brinquedos, roupas, louças e mobiliários de época há muitos anos. Ia a leilões ou comprava de gente que estava se mudando. Aí juntou a tampa com o balaio. Seu acervo é enorme.
Ela guardava quase tudo em malas, o que cabia e quando foram organizar o museu era uma surpresa atrás da outra.
Até coleções de ovos de aves de todos os tamanhos tinha.
E essa peça, consegue adivinhar o que é? Um secador de cabelo que faz ondinhas.
Os brinquedos são demais.
Eu adoro esses porta-temperos de louça!
Museu Hering, Blumenau
Um outro museu que é a cara da cidade é o Museu Hering. Tive que pegar um Uber até o Bairro Bom Retiro. O resto todo dá para fazer a pé. Não tudo num mesmo dia, claro.
A Hering, nossa velha conhecida, foi uma das pioneiras na indústria têxtil de Santa Catarina.
A casa onde hoje fica o museu foi construída no século XIX e serviu inicialmente como refeitório e biblioteca para os funcionários.
Sua construção com a técnica enxaimel autêntica permitiu que fosse totalmente desmontada para restauro em 2000. Em frente tem um outlet da Hering, mas não tem os preços de fábrica como todos imaginam.
O bairro tem um rico patrimônio arquitetônico. No caminho para lá, repare bem nas casas lindas que há dos dois lados. E vejam como a vida dá voltas. Bruno Hering tinha um armazém lá na Rua XV de Novembro (post anterior), daí houve uma enchente e destruiu quase todo o seu comércio. Ele procurou então um lugar mais longe do rio, escolheu o bairro Bom Retiro e recomeçou tudo. Em 2017 tinha sete mil funcionários e mais de 400 lojas franqueadas.
Museu da Cerveja, Blumenau
Outro museu que é a cara da cidade é o Museu da Cerveja.
Para quem aprecia, o tour tem degustação de cerveja. Ele foi privatizado recentemente e então, já viu, né? Ficou uma graça.
Eu não fiz o tour mas visitei a lojinha. As capivaras podem ser avistadas com frequência nas margens do rio Itajaí-Açu que fica ao lado do museu.
Desenvolveram uma cerveja especial para comemorar a Oktoberfest desse ano. Adorei o rótulo. 
Fica ao lado do restaurante Thapyoka e tem um bar muito agradável. E não deixem de ver o Glas Park! Não fui por falta de tempo mesmo. Um museu onde você vê o vidro sendo moldado até virar uma obra de arte. 

Comentários

Sandra liberato disse…
Excelente !!
Fiquei até com vontade de voltar para Blumenau , só pra ver com esse seu olhar!
Obrigada por compartilhar!

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