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Ilhabela - Aventuras, Curiosidades, Mistérios e Naufrágios- 2024

 

A breve viagem de vinte minutos de balsa já nos transporta para um outro mundo, bem mais calmo. Tenho frequentado a Ilhabela há anos e cada vez volto com uma ideia fixa. Já tive a fase do snorkerl, dos restaurantes, das praias, dos amigos cachaceiros e das hospedagens.
Há tanta coisa para explorar. Desta vez voltei fascinada pelo assunto dos naufrágios e tesouros supostamente escondidos por piratas.
Museu Náutico da Ilhabela

É que visitei o Museu Náutico. Só então me dei conta de quantos navios naufragaram ao redor da ilha.

O mais conhecido é o Príncipe das Astúrias. A história é impressionante. O povo teve cinco minutos para escapar.
Corpos apareceram na manhã seguinte na Praia da Fome e outras e até nas redes de pescadores.
O Museu fica num prédio histórico (1914) na Vila, bem ao lado da matriz. Já foi cadeia e fórum. É uma visita muito interessante.
Há maquetes bem detalhadas e vários painéis contando a história dos naufrágios que conseguiram catalogar. Havia falta de faróis e muitas lajes submersas, além de fortes correntes marinhas, vento forte, nevoeiro e mar bravo. Há até uma teoria de um campo magnético que supostamente alterava as bússolas.
Hoje, estes navios no fundo do mar são um paraíso para mergulhadores.
São 21 painéis com informações, algumas maquetes, fotos dos navios e um painel de seis metros com a linha do tempo indicando naufrágios desde 1825 até 1990. Um verdadeiro cemitério de navios. 
Também apresenta a história dos faróis costeiros de Ilhabela, como o Farol Ponta do Boi, de 1900. Tudo foi pesquisado pelo historiador e arqueólogo Plácido Cali, que recolheu informações também no exterior. No arquipélago de Ilhabela há registro de 16 embarcações naufragadas e documentadas, além de mais 12 que necessitam confirmação. Várias outras desconhecidas são encontradas por mergulhadores.  Cronologicamente, as documentadas situam-se entre os anos de 1882 e 1990.
Navio Príncipe das Astúrias, Museu Náutico da Ilhabela
Quase metade das embarcações naufragaram entre 1900 e 1920. Entre elas, está o navio “Príncipe de Astúrias”, que naufragou em 1916.

HOSPEDAGEM- Já me hospedei em lugares bem feinhos e um que me recordo até chamei de “cativeiro”. Viajante tem dessas coisas, o importante é ir, nem que seja para falar mal.

Um dos melhores onde me hospedei foi no Sítio Ilhabela. É um charme, mas fica longe da Vila, no lado sul, em Borrifos, bem na costeira. Cada casa caiçara tem um encanto especial. 
Sítio Ilhabela
A cama é a estrela, tudo de primeira, o restante é charme com arte. Cozinha completa e você tem que levar mantimentos. É para quem quer fazer quase um retiro espiritual ou etílico.
Casinha Caiçara, óleo sobre tela - Virginia Costa. Vendido
Na primeira vez fiquei um mês nesta casinha. No deck ao lado eu assava peixe e até vi de camarote uma lua de sangue.
Na segunda me hospedei na que eles chamam de loft. Desta varanda eu vi até baleia. Não deixem de ver a descrição de cada uma das casas no site deles AQUI.
Por do sol na Ilhabela, óleo sobre tela, Virginia Costa. Vendido
Pintei até um por de sol de lá. Não dá para beber e dirigir se hospedando ali. Em compensação, a natureza e a simpatia dos donos fazem o resto. De dia eu explorava as praias.
O casal, Marius e Cristina, me trazia cachos de banana e coco. Meus adoráveis e discretos hostesses ficavam abismados e me perguntavam sempre: por onde você anda o dia todo, menina? O Marius comprou o terreno (praticamente uma fazenda) quando tinha 22 anos. Deixou quieto por muitos anos, voltou anos mais tarde e hoje mora lá e construiu as casinhas para locação aos poucos, com muito capricho na decoração. Homem de visão. 
Eu era acordada por este passarinho batendo na janela do banheiro todos os dias. Eu não queria mais voltar.
Estrangeiros europeus vêm todo ano para ficar ali neste pequeno pedacinho do paraíso, quase isolados.
Villa Samoa Chalés Ilhabela
Desta vez, convidada pelo meu filho, fiquei no Villa Samoa Chalés Ilhabela, na Praia do Perequê. Adoramos.
Ficamos num quarto duplo muito confortável.
Há outras opções de tamanho.
A parte da piscina é muito gostosa com uma parte rasa ótima para crianças. Meu netinho ficava até de noite na piscina. O fato de não servirem café da manhã acabou sendo uma coisa ótima pois conhecemos vários hóspedes e ficávamos batendo papo e, como bons brasileiros, um dá o pão de queijo, o outro o requeijão e daí vira uma pequena comunidade. A cozinha comunitária é completa. Ninguém deixa louça suja ou bagunça.
A decoração é rústica/charmosa na medida, sem exageros. Tudo muito limpo e cuidado.
Tem sempre um funcionário por perto, dia e noite. A dona mora lá. Este deve ser o segredo.
A localização não poderia ser melhor.
Tulum, Praia do Perequê, Ilhabela
Fica a poucos metros da praia do Perequê e restaurantes. O estacionamento é amplo, fácil e perto dos quartos. 
Ilhabela, vista para o Continente. Óleo sobre tela. Virginia Costa. Vendido

PASSEIOS - Sempre relutei em fazer os passeios até à praia de Castelhanos.

É que antes o único caminho que atravessa a ilha era mesmo muito ruim. Agora deram uma melhorada.
Fizemos com a Ciaventura. Apesar do tempo nublado, tudo correu sem sustos e tive confiança no carro e no motorista, Gustavo. Nem fiquei com medo.
São 17km de estrada de terra. Primeiro uma subida até o alto do morro e depois descida até a praia de Castelhanos, a tal praia onde o bandidaço do Thomas Cavendish ficava escondido com outros piratas/corsários esperando os navios passarem para atacá-los.
Durante o percurso você acaba tendo consciência de que realmente a Ilhabela possui mais de 80% de sua mata Atlântica preservada.
O percurso é pelo Parque Estadual de Castelhanos.
Daí para frente só entram carros 4x4. Outros são proibidos mesmo. O nome Castelhanos tem a ver com o naufrágio daquele navio espanhol, o Príncipe das Astúrias. Ele fazia a linha Barcelona-Buenos Aires e a população falava castelhano.
Hoje a ilha é parada certa dos navios de cruzeiros. Com essas histórias de naufrágios de tempos atrás surgiu uma série de lendas sobre tesouros escondidos na mata, quem sabe até pelo Thomas Cavendish. Ele aterrorizou não só a Ilhabela como a Vila de Santos, Vitoria (ES) e Ilha Grande, Peru e outros lugares pelo mundo. Pensem num pirata no verdadeiro sentido da palavra! Interessante é que a rainha Elizabeth II da Inglaterra descendia do corsário Thomas Cavendish (elevado a almirante inglês), seu 13. ° avô por via materna. Ele era um corsário, ou seja, um navegador que tinha licença para roubar em nome do seu país. Era financiado pelo governo para roubar cargas de embarcações de nações inimigas. Seu alvo principal eram as embarcações espanholas que iam para a Europa com ouro, açúcar, seda e outros produtos extraídos das colônias americanas. A diferença de um pirata para um corsário é que os piratas assaltavam qualquer um e os corsários, os inimigos do reino. 
Teve uma parada em uma cachoeira e o pessoal entrou na água. Pena que o dia estava nublado.
A infraestrutura na Praia de Castelhanos foi melhor do que eu esperava. Vários restaurantes.
Comemos no Banana da Terra. Os aperitivos estavam deliciosos.
Peixe frito perfeito, dadinho de taioba e caipirinha de folha de pitanga.
O almoço, nem tanto. Agora, gente, os borrachudos ali são de matar. Também, foi só ali. O resto da estada foi tranquila. Há passeios que você vai de Jeep e volta de barco passando por algumas praias. Deve ser ótimo.

PRAIASÉ um município arquipélago com mais de 40 praias, algumas só acessíveis por 4x4 ou trilhas ou mesmo só por barcos. São 14 ilhas.

Ilhabela, Praia de Jabaquara. Óleo sobre tela. Virginia Costa. Vendido
A Praia de Jabaquara é paradisíaca. Há um trecho de estrada de terra que judia bastante dos carros. As praias voltadas para o Canal de São Sebastião têm mar tranquilo. As que dão para o mar aberto proporcionam esportes mais radicais.

Ilhabela, Praia do Perequê.
É conhecida como a Capital da Vela e lá acontecem muitos eventos. Enfim, tem para todos os gostos. Uma coisa eu sei: conheço muito pouco sobre Ilhabela. Danada de ilha fotogênica e difícil de fotografar! Sabe quando você quer fotografar uma criança ou um cachorro? Pois é. Te juro. Lá é assim, você passa de carro, vê uma praia linda e não tem como estacionar.

Muitas fotos viraram quadros, vendi todos e até ganhei uma medalha de prata num Salão de Artes de lá com o quadro da Capela Imaculada Conceição, na Praia da Armação. 
Ilhabela, Capela Imaculada Conceição. Óleo sobre tela. Virginia Costa. Vendido
Nesta praia a gente estaciona na estrada. Hoje fazem casamentos chiques na capelinha. Há tartarugas por lá, a sede da Associação de Windsurf, uma escola de iatismo e o pessoal pratica kitesurf.
Ilhabela, Praia da Feiticeira
Há lendas sobre a Praia da Feiticeira também.
Outra praia gostosa é a Praia do Sino.
É boa para nadar, tem bons quiosques e é muito frequentada por argentinos.
Logo ao lado ficam as pedras que fazem um som metálico quando você bate nelas.
Praia do Viana, Ilhabela
A Praia do Viana é pequena e muito agradável. Há lá um restaurante muito conhecido. Já me hospedei lá no Porto Pacuíba Hotel e foi ótimo. 
Praia do Curral, Ilhabela

Na Praia do Curral fica o exótico Hotel DPNY. Se não me engano há um Beach Club com day-use.
Ilha das Cabras, Ilhabela
Em frente à Ilha das Cabras há uma pequena praia e muita infraestrutura para fazer snorkerl.
Há 38 cursos d’água na ilha tornando-a a região insular com a maior quantidade de cachoeiras do Brasil. Diz-se que há 365 cachoeiras. Eu conheci três. Quase fui comida viva pelos borrachudos em uma delas. Na outra, bem mais alta, fiquei sentada conversando por horas com um amigo lá em cima numa pedra chata com a água passando pelas minhas costas e daí passou calmamente uma cobra comprida. Nem deu tempo de sentir medo.

A VILA Fim de tarde, banho tomado, o programa é passear pela Vila e bater perna pela orla e calçadão.
Para que Ilhabela fosse criada era necessária a instalação de um pelourinho, que tinha como finalidade castigar escravos. Quando foi instituída a Lei Áurea, ele foi substituído por uma fonte que passou a representar o marco zero de Ilhabela.
Hoje a criançada se diverte ali sem noção do passado.
Passear pelo deck na Vila ali no fim de tarde é uma delícia.
O pessoal briga por um espaço numa ponte para pescar. Tem navio chegando ou partindo e tem o bendito por do sol.
Uma parada gostosa e tradicional é o Café Ponto das Letras.
Livraria e café bem intimista, bonitinha, ar condicionado, doces gostosos e sempre com exposição de algum artista.
Esta igreja é a cara da ilha.
Na Igreja Nossa Senhora D'Ajuda tem a Santa do Pau Oco representada pela Santa Barbara. A estátua tinha uma abertura onde podiam ser guardadas coisas. Adivinhem? Ouro, claro.
Sua construção foi feita pelos escravos com pedras, conchas e óleo de baleia.
Pintura de Nossa Senhora D'Ajuda

Outra curiosidade: foi encontrada uma ossada humana em uma praia em 2007 de um homem que viveu há 2000 anos. Isto descarta a possibilidade de a ilha não ter sido habitada antes da chegada dos "colonizadores”. Leia reportagem AQUI.
O Canal de São Sebastião possuía um intenso movimento comercial. O Canal era por onde o ouro, que vinha das novas jazidas de Mato Grosso e Goiás, escoava. A intensa atividade dos piratas fez com que Portugal criasse um sistema de defesa.
Canal de São Sebastião
Construíram ao longo do século XVI oito fortificações sendo 4 na ilha e 4 no continente. As peças da artilharia imperial portuguesa datam de 1526, 1531 e 1540. 

A ilha tem muitos artistas talentosos, um deles sou super fã e nem o conheço. O Fred da Teiú Arte. Ele tem a loja mais encantadora do mundo. Estava temporariamente fechada desta vez. 
Não resisti e comprei há uns anos este barco e um coração escrito Besame Mucho. Espero que reabram logo.
Ele é o criador desta cadeira.
Impossível não mencionar o escultor Gilmar Pinna nascido na Ilhabela. Suas obras estão por todo lado. Sabe aquela imagem enorme de Nossa Senhora Aparecida lá na Basílica? É dele. 
Recomendo: Restaurante Pimenta de Cheiro. 
Creperia Pé N'areia, um quiosque na Praia do Perequê.

Passei temporadas de um mês, quinze dias, quatro dias e não foi suficiente. A ilha se renova, se esconde, se revela e eu fico cada vez mais perdida e curiosa. Tem sempre uma casa linda que eu não vi, uma pousada charmosa que eu não conheci, uma lojinha, um artista, um ângulo lindo de uma praia. Espero voltar em breve.

Comentários

Anônimo disse…
Perfeita descrição em detalhes perfeitinhos e delicados muito bom!!!!!! Você é minha artista preferida …… pena que parou de pintar……. Quem quiser se informar sobre os encantos de Ilha Bela deveria ler sua matéria muito bom mesmo!!!!!
Hellen disse…
Q maravilha de narração sobre Ilha Bela , infelizmente , não tive , ainda , a oportunidade de conhecer , mas, mto curiosa p logo
visitar esse lugar tão bonito e, cheio de histórias boas e, c artesanatos de artistas tão talentosos como foi apresentado no
nesse Blog! Realmente , minha amiga Virgínia , vc eh uma boa apresentadora das viagens q vc faz por esse mundo !
PARABÉNS ! Belo trabalho

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