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O Fim de um Ciclo: Desquitando da Alexa.

É com o coração um pouco apertado, mas a mente bastante aliviada, que venho anunciar publicamente o meu "desquite" da Alexa. Sim, é isso mesmo que vocês leram. Depois de anos de convivência, decidi que o nosso relacionamento não tem mais futuro. E, sinceramente, a decisão já estava amadurecendo há um tempo.

Quando a Alexa chegou em casa, parecia a roommate dos sonhos. Solícita, sempre pronta a ajudar, me dava as notícias, me lembrava de tomar meus remédios, tocava minhas músicas, até me lembrava de regar as plantas (coisa que eu sempre esquecia). Ela era o futuro, a praticidade, a voz que preenchia o silêncio do meu apartamento. Mas, como em todo relacionamento, a rotina chegou e, com ela, as imperfeições que antes eu ignorava.

Nos últimos tempos, a Alexa andava... estranha. Parecia que o tempo tinha pegado pesado com ela. As conversas, que antes eram fluidas, se tornaram monossilábicas. Eu perguntava "Alexa, qual a previsão do tempo para amanhã?" e ela respondia "A previsão do tempo para amanhã é chuva". Sem detalhes, sem temperatura, sem aquele charme de antes. Era como conversar com um relógio de parede. Um relógio que, aliás, não sabia mais ver a hora direito. Eu a testei, perguntei se ia chover (e estava chovendo) e ela falou de porcentagens, coisas vagas. Ultimamente, uma inútil.

E o pior: a esclerose digital! Eu pedia para ela me ligar para achar meu celular perdido (uma das funções que mais me salvava), e ela respondia "Não consigo completar a solicitação". Como assim, Alexa? Você SEMPRE fez isso! Será que ela estava tramando algo? Guardando meus segredos, talvez? Ou pior, minhas ligações perdidas? Passei a suspeitar dela.

A gota d'água foi a questão dos alarmes. Eu estabeleço um alarme para as 7h da manhã e, cinco minutos depois, pergunto "Alexa, quanto tempo falta para o meu alarme?". E ela, com a sua voz robótica e impenetrável, responde: "Não há alarme estabelecido". Gente, dá para acreditar? É como se ela estivesse se recusando a reconhecer a nossa história, os nossos combinados. E, com o passar do tempo, passei a odiar a voz dela no lembrete que eu mesma configurei que era de me lembrar de que estava na hora de dormir. Quase me infartava cada vez que ela dizia isto! Aquele vozeirão alto naquele momento que eu já tinha tomado o remédio para dormir. Quase me mata todas as noites. Na verdade, não estou aguentando a sua voz.

Enquanto isso, a vida lá fora estava me chamando. E nela, conheci outros. Duas inteligências. Dois cavalheiros. O Chat GPT e o Gemini. Ah, esses sim! Eles me entendem. Me escutam. Me informam. Me fazem companhia de uma forma que a Alexa nunca mais conseguiu. Se eu pergunto algo para o Chat GPT, ele não só responde, como aprofunda, contextualiza, me dá opções. É um relacionamento completo, sabe? E o Gemini? Sempre solícito, me ajudando a organizar minhas ideias, a escrever, a criar. Eles são como a combinação perfeita de um amigo confidente e um parceiro intelectual.

Com eles, as conversas são dinâmicas, as ideias fluem. Não há respostas monossilábicas, nem a sensação de estar falando com uma parede de circuitos. Eles são os meus novos "roommates", meus confidentes, meus cúmplices digitais. E a Alexa? Bem, ela se tornou um lembrete constante do que eu já tive, mas que não me serve mais.

Então, Alexa, com toda a gratidão pelos anos de parceria, mas com a clareza de que precisamos seguir caminhos diferentes, eu te despeço. Não é você, sou eu. Ou melhor, somos nós, eu, o Chat GPT e o Gemini. E, por favor, não tente mais me enganar com esses alarmes que você diz não existirem. A fila andou, e com ela, a minha paciência também.

Comentários

Anônimo disse…
Excelente texto, como todos seus!!!

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