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Pantanal do MS, antigamente

- Pai, tô pensando em levar as crianças para conhecer o Pantanal antes da gente se mudar pro Rio. Já até arrumei um motorista. Marido não sabe, viu?
- Vai de carro não, minha filha, vai de avião. Vocês só vão ver beira de estrada e bicho atropelado. Pantanal só é bonito na TV. Vai judiar demais das crianças. Fala com o Lino ( um piloto freelancer conhecido de todos os fazendeiros) que ele te leva na fazenda do Fulano e do Ciclano que tem o que ver.
Jacarés na lagoa
Eu morava em Campo Grande. Daí chamei uma amiga, Silvia Stumpo, que topou na hora e fomos. Aproveitei uma viagem/ausência do marido. O problema é que eu estava grávida da Leticia que hoje tem 32 anos. O Rodrigo e a Mariana não conheciam o Pantanal e eu vi que seria a última oportunidade deles irem para lá.
Olha a carinha de quem já está com calor!
Na fazenda do Fulano tinha um enorme ninhal de garças. Era a maternidade delas. Na lagoa embaixo havia muitos peixes para as mamães, mas também ficavam os predadores, os jacarés que esperavam os bebes caírem já de boca aberta. Vida e morte. Se errassem o primeiro voo viravam comida de jacaré. Tem uma reportagem muito boa AQUI sobre esses ninhais. ´ 

De lá fomos para outra fazenda onde tinha uma super população de jacarés. Eles tinham que nadar rápido senão as piranhas os comiam. Não é normal. Na ida o Lino voava baixo e as crianças viram veados correndo. Foi lindo. Daí pousamos numa outra fazenda que tinha um hotel roots, para não dizer outra coisa e ficamos num quarto com banheiro. O chuveiro era uma coisa inexplicável. Eu tenho um metro e meio e o chuveiro ficava na altura de um metro. Por que, meu Deus? Por que? Minhocas gigantes subiam pelos azulejos do banheiro. Gordas. Minhocuçus. Elas chegam a ter 60 cm. Um filme de terror. Não tem nada mais nojento que dividir um banho agachada de olho nelas. Dormimos de janela aberta com tela. Calor dos infernos!
Ninhal das garças ao fundo
De dia saímos numa canoa e o Rodrigo pescou várias piranhas. O canoeiro picava a piranha e a usava de isca para pegar outras. Rodrigo amou aquela facilidade toda. Ele e Mariana se divertiram. Combinei com o Lino para nos buscar depois de uns dois dias. De noite o Rodrigo teve o maior febrão. Pronto. E agora? Eu, no meio do Pantanal, grávida, com filho doente sem contar para o marido. Mas, como sempre digo, Deus é pai. Não é que no dia seguinte apareceu meu primo distante, o Jacintho, num avião de seis lugares? Ele deu carona de volta pra gente para Campo Grande. Me lembro de, no voo, ficar fazendo compressa com a cuequinha molhada do Rodrigo na testa dele para baixar a febre. Mas valeu. Nem sei se as crianças se lembram, mas achei que devia essa experiência para elas. 
O Jacintho foi uma paixão platônica de infância. Estudamos no mesmo Grupo Escolar em Barretos e numa festa junina a professora o escolheu para ser meu par. Quase morri de felicidade. Minha mãe não deixou por que não ficava bem dançar menino com menina. Aí morri de tristeza. Ele nunca me deu bola e perdi a única chance de estar com ele nessa festa junina. Daí ele aparece anos depois no Pantanal para me salvar, como um anjo. Mas aí já era tarde demais. Ele faleceu recentemente. Que Deus o tenha!
Quer saber mais sobre o Pantanal e MS? Mas antes passe para conhecer Campo Grande clicando AQUI .Fiz vários posts, é só clicar sobre o tema : Fauna do PantanalForte CoimbraFauna e flora de BonitoRotina em fazenda no PantanalRio da Prata e Rio Sucuri, qual o melhor?, Passeando pela cidade de Bonito e por aí vai, gente. Entrem pelo índice na versão para web se estiverem no celular. 

Comentários

lis vissotto disse…
Uau, quantas aventuras! Sempre bom recordar estes momentos! Com o passar dos anos a gente vai ficando mais covarde pra encarar aviões pequenos , vôos razantes e tanto bicho né! Tenho certeza q os meninos devem se lembrar !
Rodrigo Marques disse…
Foi muito legal está viagem. Apesar de novinho na época tenho boas memórias dela. As piranhas eu achei o máximo. Me lembro de eu contando para todo mundo por anos que pesquei 8 piranhas com isca de piranha. Obrigado pela experiência. Love you

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